SINOPSE
Blythe Connor está determinada a ser a mãe afectuosa e solidária que nunca teve. No entanto, no auge dos esgotantes primeiros dias de maternidade, Blythe convence-se de que alguma coisa não está bem com Violet.
Com o passar do tempo, a sensação agrava-se: a filha é distante, rejeita o afecto e revela-se cada vez mais perturbadora. Ou estará tudo apenas na cabeça de Blythe?
O marido diz que ela está a imaginar coisas. Quanto mais Fox ignora os seus receios, mais ela se questiona sobre a sua própria sanidade mental.
Quando nasce o filho mais novo, tudo parece melhorar: Blythe sente com Sam a ligação que sempre imaginou; Violet acalma e parece adorar o irmão mais novo.
Mas, de repente, tudo muda e Blythe não poderá mais ignorar a verdade sobre o seu passado e sobre a sua filha. Onde está a verdade quando tudo tem duas caras?
OPINIÃO
Assim que li a sinopse deste livro, andava com muita vontade de o ler. Percebi, por algumas opiniões, que iria abordar a maternidade de uma forma crua, algo real e pouco romantizada como estamos acostumados. Isso fez-me querer muito saber mais e principalmente perceber o que eu iria sentir ao lê-lo.
Sou mãe de duas crianças.
Passei praticamente toda a minha vida a sonhar ser mãe e a achar que toda a minha existência iria fazer (apenas) sentido naquele momento, aquele em que dizem que assim que olhamos para o nosso bébé, fora da nossa barriga, tudo faz sentido e tudo "muda de cor", como se um raio nos tivesse atingido e nada fosse mais o que era.
Os meus medos eram apenas relacionados com o parto (esse habitualmente não é romantizado!) e a saúde (se iam ter os dedinhos e os orgãos todos formados). Nunca me falaram muito de tudo o que vinha depois, ou melhor, do que poderia vir - porque nem todas as experiências são iguais para todos.
Acho que fui um bocadinho às cegas mas com a certeza que tinha de ser, caso contrário a minha vida como mulher não seria completa, não cumpriria o seu propósito.
A verdade é que assim que os vemos nascer, o nosso coração descansa em relação aos dedinhos no sitio, às perninhas, olhos e nariz, apesar de todas as ecografias feitas mas que nunca me descansavam a 100%. E o parto... bom, não é de facto a coisa mais agradável do mundo mas bastam umas horas, uma epidural e já estamos despachadas.
Agora o depois... esse demora muito mais que apenas umas horas... e muitas vezes, nos primeiros meses, parecia não ter fim...
Eu sentia muitas vezes que, ou todas as outras eram muito sortudas e tinham bébés angelicais, ou eu, afinal, não tinha nascido nem tinha as competencias certas para ser mãe. O meu primeiro filho chorava dia e noite, e quase nao dormia mais que 1 hora seguida (mesmo com 4/5 meses). Não eram sonos trocados porque isto era igual dia/noite. A privação de sono associada a gritos e choros constantes alterou completamente a visão cor-de-rosa que eu tinha construído durante 20 e tal anos e foi um choque, talvez até uma desilusão. A minha médica chamou-lhe baby blues, eu não queria saber de nomes ou de medicamentos, só queria a minha vida "normal" de volta... e queria gostar muito de ser mãe mas no início não estava a conseguir. E isso fez-me sentir muito mal comigo e até com o meu bébé.
Felizmente nunca deixei de sentir vontade de cuidar dele, de o ajudar a melhorar das cólicas, de ter vontade de estar com ele. Acho que de qualquer forma, sabia que aquilo tinha de passar e, apesar de ter sonhado durante anos em cuidar de um bébé, comecei a desejar que ele crescesse rápido para deixar de ser bébé e melhorar.
Escrevo aqui neste blog de uma forma honesta, aberta, sem pensar muito se alguém lerá estas minhas palavras... mas de facto está na internet pelo que é possivel. Não posso por isso deixar de escrever, principalmente para quem ainda não tem filhos, que não me arrependo de ter sido mãe, nem por sombras!! Aliás, agradeço imenso ter conseguido ter coragem para ter avançado para uma segunda gravidez. Esta, em tudo diferente da primeira... em tudo mesmo. Principalmente porque da segunda vez, a minha visão romantizada já não existia, existia apenas a certeza que eu não sabia o que aí vinha mas que estava disposta a arriscar e a superar as dificuldades. E consegui aproveitar MUITO melhor, mesmo com noites sem dormir (não tantas como da primeira mas mais cansativas talvez pela existência na altura de um irmão ainda pequenino que também precisava de ajuda e acompanhamento).
O conhecimento ajuda-nos a passar melhor pelas situações e por isso custa-me muito que as mulheres, de um modo geral, falem apenas da maternidade de uma forma cor de rosa e até leviana às vezes... nem todas as situações são iguais, nem todos os bebes são iguais e as mães são pessoas, pelo que se aplica aqui também que não serão todas iguais. E isso não tem de ser bom nem mau, é o que é.
Por isso adorei este livro. Revi-me imenso na Blythe, em alguns dilemas, em pressões que ela sentia de todos os lados para ser a "mãe perfeita". Achei-a humana, porque apesar de alguns pensamentos que podem ter chocado alguns, nunca achei que ela tenha passado algum limite... tudo me parecia tão real, tão possivel de acontecer mas tão improvável de alguém, uma outra mulher, real, o partilhar em voz alta. E porquê?! Porquê?! Os bébés, as crianças, são pessoas também... e se muitas vezes crianças com os mesmos pais, criados no mesmo sítio, pelas mesmas pessoas e com as mesmas regras são tão diferentes e seguem caminhos diferentes na vida e talvez em alguns casos se tornem pessoas más, não será possivel que já nasçam com uma pré disposição para se tornarem pessoas más? Não existem adultos maus? E esses adultos maus já foram crianças certo? E as mães desses adultos, será que nunca desconfiaram de nada porque estavam apenas a representar o papel obrigatório da "mãe perfeita" que nunca põe em causa a melhor experiência da sua vida?
Dá que pensar... a mim deu-me que pensar.... e ainda me interrogo como consegui ler um livro destes em 2 dias - e com 2 filhos pequenos!!
Não irei esquecer este livro, sem qualquer dúvida.