E passados que estão 2 meses , desde o "pensamento" inicial acerca da quarentena, segue o balanço final: realmente tive momentos menos fáceis do que nos primeiros 12 dias!...
O meu trabalho permitiu-me ficar por casa, em teletrabalho, pelo menos até agora - nos próximos dias saberei por quanto mais tempo :( - e, por ser um pouco pessimista e portanto mais cautelosa do que a maioria certamente, terei saido nestes meses apenas umas 2 vezes e por motivos mesmo inadiáveis.
Já não estamos em estado de emergência e do que vejo nos telejornais, as praias e as ruas já estão cheias de gente pelo que já me sinto algo "ET" neste momento.
Continuo com receio e já algo acomodada a esta vida de casa, confesso, pelo que, se dependesse de mim, continuaria assim pelo menos até Setembro. Sei no entanto que só tenho esta opinião porque em termos de rendimento não fui afectada por toda esta situação. Entendo perfeitamente que não podemos continuar fechados sob pena de muitas pessoas, com famílias como a minha, não terem dinheiro sequer para comer.
E não pode ser, claro que não pode ser! Tem de se arranjar soluções ainda que com prudência.
Mas é um facto que, a minha vida, está melhor do que antes. Talvez por fazer habitualmente 80km diários nas minhas deslocações casa/trabalho, por apanhar sempre trânsito, por andar a correr a ir buscar/levar os miudos, fazer TPC's em cima dos banhos/jantares/actividades extra... e de repente ter ganho umas 2-3 horas no meu dia por já não fazer estas coisas. Consigo aproveitar a minha casa, coisa que nem isso eu sentia antes, e os meus filhos brincam muito mais os 2 do que antes, estão mais cúmplices apesar de alguns momentos normais de irritação.
No entanto existem também muitas coisas más... tenho trabalhado muito mais, ou pelo menos a sensação é essa. Consigo focar-me totalmente no trabalho (coitados dos meus filhos mas de facto consigo ignorá-los muitas vezes) e nunca senti que ficou algo por fazer do trabalho ou menos bem feito por estar em casa com crianças. Mas sinto uma culpa enorme em relação aos meus filhos. Pena por não conseguir sequer "olhar" para a televisao quando estão a ver a tele escola, por não conseguir acompanhar a mais pequena e tentar desenvolver algumas dificuldades, que este tempo em casa me permitiu perceber nela... Por não brincar... por vê-los perdidos muitas vezes a chamarem por nós e a reclamarem que trabalhamos muito...
Por outro lado, agora começo a sentir que realmente as crianças estão a ficar para trás em termos da educação... os meus filhos não têm aulas online (como tantos outros certamente), talvez sinta por isso... e eu não estou a conseguir ajudá-los pelo stress do meu trabalho. Tenho muitos colegas que conseguem dosear mas, talvez pela minha função, por não ter backup ou trabalhar em equipa, não me é possivel. Sou eu para tudo e "eu" às vezes não chego!
Não é uma sensação boa esta... e tem-me consumido bastante. Uns dias mais outros menos.
No entanto, tal como disse no inicio, os prós continuam superiores aos contra e por mim, continuaria aqui mais um tempo. Mas sei que não é justo.
Espero no entanto que a minha empresa me possibilite para o futuro uma melhor flexibilização do meu tempo, com algum trabalho em casa porque sem dúvida, é uma tendência que deveria vir para ficar, ainda que em regime misto com idas ao escritório.
Veremos a evolução da situação, como as pessoas se vao portar agora com o bom tempo, se entretanto o virús desaparece (já vi alguns estudos que apontam essa possibilidade)... estamos de facto a viver uma altura histórica na humanidade.
Esperemos que o desfecho da mesma, nos livros de história, não seja aterrador.
Ficar tudo bem já não vai ficar... muita gente já faleceu e é impossivel ficar imune a esta realidade...
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